Alan Moore – V de Vingança

Ana,

eu sempre tive uma certa admiração por anarquistas, e vivo me perguntando porque é que eu leio tão pouco a respeito. A noção de liberdade postulada pelo Anarquismo é uma das ideias mais admiráveis com as quais entrei em contato.

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Li V de Vingança a primeira vez em 2008, depois de ter lido a fase do Monstro do Pântano roteirizada pelo Alan Moore (o que, aliás, tá nos meus planos de vida reler) e ter acho OMG QUE FANTÁSTICO ESSE CARA. Desse ano pra cá, já devo ter relido  umas quatro vezes, e percebi que meu pobre gibizão não tá mais naquele estado de juventude que imaginei que deveria estar xD

(Eu não tenho verguenza na cara nenhuma em dizer que, com a banalização da máscara do personagem, eu me sinto como aqueles hipsters que deixam de ouvir uma banda só porque passou na MTV: dá vontade de sair gritando por aí paaaaarem, vocês não entenderam nada :()

Num futuro distópico, após uma guerra nuclear onde parece que o restante do mundo não existe mais, a Inglaterra está sob o domínio fascista. Codinome V, o personagem principal, é sobrevivente de um dos campos de concentração do regime e volta para se vingar dos responsáveis por tudo que ele passou. Yeah, Codinome V é um terrorista, e não o super-herói que quer libertar o povo. Mas ele é, antes, um anarquista, e acredita que somente através do caos, da destruição e da morte é que se pode derrubar um regime político totalitário e que a liberdade e a justiça devem ser prioridades a serem alcançadas tanto individualmente como enquanto regime. V  busca vingança, e não mudança social, mas usa sua vendetta para ensinar ao povo o verdadeiro sentido da liberdade e da ordem (ordem não no nosso sentido positivista).

“Nossa integridade (…) pode não ser muito, mas é tudo o que nos resta. São nossos últimos centímetros, mas neles nós somos livres”

(…)

“Então não há mais como ameaça-la, não é?

Você está livre.”

(…)

“Mas onde estão as respostas?

Quem me aprisionou aqui? Quem me mantém aqui? Quem pode me libertar? Quem está controlando e restringindo a minha vida, a não ser…
… Eu?”

V de Vingança é, com certeza, um dos meus livros prediletos, não porque eu entendi tudo e sei tudo de cor, mas porque eu tenho sempre que voltar a reler e terminar com aquela sensação de “nossa, eu sei tão pouco de tudo”.

– Anna